quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Caminho

Em alguma parte do caminho, houve um desvio. E o retorno à estrada principal ficou em segundo plano, cada vez mais distante do inicialmente imaginado. O rumo foi alterado, sem que ao menos uma marca fosse impressa para que se soubesse o retorno. E os dias transformaram-se em anos, que encerram em si a dureza de não voltarem atrás. Com o tempo, a trilha perdeu-se. O destino foi alterado e a realidade não permitiu que ele batesse novamente à porta. Se seria melhor ou pior, não se sabe. Nunca se sabe dessas coisas. Nunca se sabe nada.

E a vida vai correndo. E os planos vão sendo transformados ou esquecidos, engavetados em um baú de lembranças escondido em um canto sujo e empoeirado da memória. Os sonhos vão aos poucos sumindo, ganhando outros contornos. As metas cuidadosamente escritas no papel são esquecidas e o idealismo primário cede frente ao conformismo.

Os rascunhos transformam-se em rabiscos. As conquistas retornam aos anseios. As ideias confundem-se em um véu de obscuridade. Enquanto isso, a vida passa, os anos correm, os meses emboloram-se, os dias voam e as horas atropelam-se. Os cabelos brancos teimam em sobressair sobre os que um dia já foram bem castanhos. E, subitamente, percebe-se que não se saiu do lugar. O caminho nunca existiu.

domingo, 18 de outubro de 2009

Eternamente...

Hoje estou com saudades... Saudades da infância e das brincadeiras gostosas com o pai e a mãe. Estou com saudades de um tempo em que preocupações não existiam e bastava um sorriso carinhoso para me sentir protegida. Estou com saudades de dias que não voltam mais - e isso por muitas vezes parece não ter qualquer senso de realidade. Queria poder tirar novamente um retrato com a família reunida - e sinto pesar ao constatar que não tenho nenhum guardado aqui comigo. Queria poder abraçar meus pais e sentir a tranquilidade de saber que um vai cuidar do outro.

Queria ouvir a risada gostosa da minha mãe transbordando a casa. Queria rir novamente com as infinitas brincadeiras bobas do meu pai. Queria de volta um tempo em que as coisas pareciam mais simples e que a distância não era tão maldosa. Queria a tranquilidade de uma vida de criança.

Hoje estou com saudades da pista de autorama, das empadinhas, das palavras cruzadas e dos aeromodelos. Estou com saudades da pizza com creme de leite, das aulas de geografia, das confidências entre mãe e filha. Hoje estou com saudades de uma família por perto, embora eu saiba que talvez isso nunca mais aconteça... ao menos não da forma como eu gostaria...