Adoro quando meus pés encontram os seus na noite fria.
Um corpo que abraça o outro até mesmo em pensamento, mesmo no sono mais profundo.
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quinta-feira, 19 de agosto de 2010
sábado, 29 de maio de 2010
Óleo sobre tela
Como um pintor que admira um painel inacabado de uma primavera distante, os dedos envelhecidos buscaram alívio em contos escritos por outras mãos. Encontraram a leveza e o bom-humor de quem ainda não passou por agruras e tiveram a ilusão de que poderiam voltar a ser úteis de destemidos.
Com um tímido comichão, ensaiaram algumas letras em um espaço vazio, prometendo exercícios frequentes e frenéticos. Mas estavam enferrujados - não dispunham de tanta destreza como outrora esbanjavam. As palavras fugiam à breve menção de serem tocadas por eles e os parágrafos amontoavam-se, tentando escapar da árdua tarefa de integrar tão frívolo e vão testemunho.
Os dedos tentaram desesperadamente ditar as impressões que os olhos haviam devorado avidamente. Prometeram descrever o indescritível, desafiaram o vocabulário e enfim morreram em pontos finais inexpressivos.
Com um tímido comichão, ensaiaram algumas letras em um espaço vazio, prometendo exercícios frequentes e frenéticos. Mas estavam enferrujados - não dispunham de tanta destreza como outrora esbanjavam. As palavras fugiam à breve menção de serem tocadas por eles e os parágrafos amontoavam-se, tentando escapar da árdua tarefa de integrar tão frívolo e vão testemunho.
Os dedos tentaram desesperadamente ditar as impressões que os olhos haviam devorado avidamente. Prometeram descrever o indescritível, desafiaram o vocabulário e enfim morreram em pontos finais inexpressivos.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Resgate
Chuva cinza
A chuva é o vazio.
O vazio é o antes, o sonho, a tristeza, o incompleto, o indefinido... O vazio era o mundo antes de você, era a expectativa e a esperança, era a incógnita e a solidão. O vazio era poema também, pois, como para todo poeta, meus desabafos fixaram-se no papel, agarraram-se às linhas, desprenderam-se da mente, tornando-me o que sou hoje, livrando-me um pouco de seus pesos, permitindo meu sorriso, quase sempre fixo em meus lábios. O vazio era não ter você, era não saber o que é o amor e o que é ser amada.
Mas a chuva também é boa. Traz crescimento, flores, frutos. Desabrocha as cores, constrói e fortifica. Foi a chuva que me amadureceu e me fez o que sou. Se não tivesse enfrentado o vazio, não saberia identificar o completo. Se não aprendesse o que é a solidão, não saberia reconhecer o amor e o companheirismo.
Chuva cinza, escura, fria. De um cinza que aos popucos cedeu espaço às cores que um dia você trouxe à minha vida.
terça-feira, 30 de março de 2010
segunda-feira, 15 de março de 2010
Blink
Queria fechar os olhos, só por um minutinho, e enxergar uma outra possível história, um outro possível caminho, resultado de escolhas diferentes, de certezas vigorosas e depossibilidades imensas. Eu queria um resultado diferente, desta vez. Um resultado que modificasse um pouco essa falta absurda de criatividade e me levasse novamente ao ápice da vida, bem ali onde os sonhos encontram o mundo real. Eu queria uma história cheia de vírgulas e continuidades, repleta de detalhes enriquecedores e de narrativas inebriantes. Uma viagem a cada mês, uma novidade a cada passo.
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