sábado, 26 de fevereiro de 2005

Pausa


Parem os relógios!
Deixem-me dormir em paz.
Esqueçam das minhas responsabilidades,
dos meus compromissos.
Não neguem meu sono a mim.
Atrasem os ponteiros,
quebrem os despertadores,
transcendam o tempo.
E me deixem descansar!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

Fuga


É quando eu começo a me ferir, e a ferir meus dedos cansados de digitar e a deixar meu ouvidos entupidos e a engasgar com um mar de lágrimas. É quando tenho vontade de rasgar o verbo e deformar as roupas e me largar em um sono profundo e esquecer de tudo. É quando quero me sentir livre – ao mesmo tempo em que vejo a prisão em que me encontro. Meus pulsos doem, meu corpo dói, minha mente já não respira. O nó na garganta não passa e palpita uma água salgada do canto dos meus olhos que não sei bem explicar por quê. A noite passou lenta, abafada, rasgante. Meu nariz não desentupiu e meus sonhos não vieram.

:::

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2005

Devaneios...

Ainda estou lúcida. Mesmo em meio a tanta desordem, mesmo sem capacidade de raciocínio, mesmo sem conseguir pensar as palavras. Ainda estou lúcida. E preciso repetir isso infinitas vezes para me certificar de que estou certa, de que ainda tenho capacidade para pensar e ler jornais, de que consigo escrever sem que tenha de fazer um enorme esforço. Ainda estou lúcida. Bem menos do que gostaria, bem aquém do que seria necessário, bem além do suficiente. Mas ainda estou lúcida. Ainda vejo as cores ao meu redor (embora o cinza ganhe cada vez mais espaço), ainda tenho um vislumbre do futuro (apesar de meio embaçado), ainda consigo sonhar (embora quase não tenha tempo para isso). Meu sono anda cansado, meus olhos estão fundos, minha mente está uma desordem. Mas ainda estou lúcida. E assim preciso me manter. Preciso vencer a necessidade de descansar e de ter uma vida mais feliz. Ainda estou lúcida. Mas não sei por quanto tempo.