quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

Fuga


É quando eu começo a me ferir, e a ferir meus dedos cansados de digitar e a deixar meu ouvidos entupidos e a engasgar com um mar de lágrimas. É quando tenho vontade de rasgar o verbo e deformar as roupas e me largar em um sono profundo e esquecer de tudo. É quando quero me sentir livre – ao mesmo tempo em que vejo a prisão em que me encontro. Meus pulsos doem, meu corpo dói, minha mente já não respira. O nó na garganta não passa e palpita uma água salgada do canto dos meus olhos que não sei bem explicar por quê. A noite passou lenta, abafada, rasgante. Meu nariz não desentupiu e meus sonhos não vieram.

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