quinta-feira, 30 de julho de 2009

Rabiscos sinceros


Encontro um velho caderno e rabisco um fino traço que inicia o contorno de um desenho. Um traço leve e delicado, que delineia um olhar perdido no infinito, com um sorriso gostoso que transborda uma alegria singela e estranhamente infantil. E mesmo que o papel não mostre, os olhos brilham o brilho de uma estrela cadente - daquele jeitinho assim deslumbrado e incontido. Como uma criança que vê em suas mãos um tesouro que tanto esperava - ou o idoso que revê o sorriso carinhoso de uma criança que um dia já foi sua. Os lábios delineiam um sorriso que se abre sem fim, sem hora pra vencer, sem data para se extinguir, congelado no tempo e no espaço de um caderno cujas folhas amareladas um dia já abrigaram os segredos infinitesimais de uma conta de matemática ou de uma velha aula de ciências.

Assim, tão simples, esse breve rabisco feito por mãos bem pouco hábeis com um desgastado lápis preto ganhou forma mais na imaginação do que no papel. E o conjunto desregrado parece gerar uma alegria marota insistente, crivada de inocência e do doce não-saber de quem vive no mundo da lua. Ai, como é bom viver no mundo da lua às vezes.

Um comentário:

Agatha disse...

pra mim, o difícil é descer desse mundo! ;)
mas que é bom é, isso sim!