terça-feira, 9 de novembro de 2004

Doce inocência


Engraçado como às vezes nos damos conta de que o tempo não parou e de que não somos mais crianças. Mas o mais estranho mesmo é que não percebemos isso gradualmente: apenas crescemos. Passamos por tantas fases especiais – cada uma com suas peculiaridades – e parece que de todas carregamos algo. Não nos sentimos mais velhos: no fundo, parece que somos os mesmos seres que pouco sabem e que acabaram de começar a viver, com todas as inseguranças e curiosidades.

E a maturidade não nos avisa quando chega – se é que chega. Na verdade, é como se ela fosse imposta a nós por uma convenção que existe há séculos. De repente, nos sentimos obrigados a rir quando queremos chorar ou a sentar de pernas cruzadas quando queremos mesmo é ficar bem à vontade.

Vejo que fiquei adulta quando percebo a cobrança pelos modos que não tenho. Percebo a maturidade a cada vez que meu sorriso maroto não surge no rosto, quando não consigo ver com olhos infantis os problemas que surgem cotidianamente, nas horas em que percebo que tenho medo de perder meu emprego, quando vi que já perdi a inocência de que tudo pode ser comprado "com cheque" e quando lembro que minhas ambições vão muito mais além do que um simples "videogaminho". Era assim que costumava falar quando tinha meus menos de 10 anos. Achava que a vida era muito mais simples.

Pegando emprestadas as palavras de Fernando Sabino, queria mesmo era crescer e me tornar criança.

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