quarta-feira, 16 de junho de 2004

Do chão ao pó


Não somos feitos da imunda matéria cinzenta que inunda as metrópoles, mas aprendemos a conviver bem com ela e com a poeira constante e baixa. Poeira que corta e desgasta, que enche os pulmões de um ar preto, mas imprescindível. Somos animais, sim. No pior sentido da palavra. Pessoas envolvidas em seus próprios mundinhos, esquecendo que também são matéria orgância, em sua tradução mais simples e pútrida. O cinza é hoje o que ontem era belo. É a tradução da capacidade e do intelecto humanos e da solicitude indefesa do meio ambiente. Mas, em nossa ignorância, apenas damos continuidade à tradição iniciada anos antes de existirmos. Somos animais, sim. Mas continuo dizendo que gosto muito mais das criaturas que chamamos cotidianamente de animais do que dos homens.

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